Responsável pelo acesso à Justiça de grande parte dos paraibanos, a Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE-PB) está presente em 235.192 processos em tramitação na Justiça estadual. O trabalho é dividido atualmente entre 197 defensores públicos, o que representa, em média, 1.193 processos por defensor. Nesta sexta-feira, 19 de maio, é celebrado o Dia Nacional da Defensoria Pública e também das Defensoras e Defensores Públicos. Os dados coletados no PJe demonstram um trabalho hercúleo da categoria, que não atua apenas nos processos do 1º e do 2º grau, mas são verdadeiros agentes de transformação social.
Para além do atendimento jurídico nas comarcas, as defensoras e defensores públicos participam ativamente da construção de políticas públicas; mediam conflitos; atuam extrajudicialmente evitando a judicialização dos processos; protegem grupos vulneráveis e a coletividade na tutela de direitos coletivos; e muito mais.

DÉFICIT – Nos últimos anos, o número de defensores públicos estaduais reduziu drasticamente na Paraíba, comprometendo a atuação da instituição nas comarcas do estado, além de sobrecarregar os defensores em atividade. Apenas nos últimos cinco anos, o número de defensores caiu de 244 para 197, entre aposentadorias e falecimentos. A Lei Complementar 104/2012, contudo, prevê 328 cargos de defensor público na Paraíba, ou seja, o déficit atual chega a 131 defensores públicos.
Essa realidade impede a DPE-PB de cumprir a Emenda Constitucional 80/2014, que estabeleceu um prazo de oito anos para que todas as unidades jurisdicionais do país tenham defensor público. Esse prazo expirou em 2022 e a Paraíba, como demonstrado, está longe de atender esse dispositivo.
ORÇAMENTO – Embora tenha realizado um concurso público para defensor no ano passado e 94 candidatos tenham sido aprovados no início deste ano, a convocação ainda não aconteceu. Isso porque a instituição não dispõe de orçamento para cobrir as despesas. Com o mais baixo duodécimo do estado (R$ 100,9 milhões), a DPE-PB possui um orçamento que corresponde a ⅓ do que recebe o Ministério Público (R$ 319,9 milhões), por exemplo. A instituição também está atrás da Assembleia Legislativa (R$ 379,4 milhões), do Tribunal de Contas (R$ 177 milhões) e, naturalmente, do Tribunal de Justiça, que possui a maior fatia (R$ 827,5 milhões).

Em 2022, a DPE-PB realizou 190 mil feitos, entre atendimentos, audiências, petições e outros procedimentos. O número é maior do que o registrado no último ano antes da pandemia, em 2019, quando a instituição atingiu a marca de 182 mil feitos. A retomada do crescimento mostra que, ao contrário da precariedade estrutural e orçamentária, os defensores públicos superam obstáculos para garantir o acesso à Justiça às pessoas vulnerabilizadas do estado.
