Por: Larissa Claro – Publicado em: 14.10.2020
Em uma solenidade virtual nesta terça-feira (13), a Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE-PB) realizou a segunda entrega de documentos pessoais a reeducandos do sistema prisional da Paraíba. A emissão dos documentos é fruto do Projeto Itinerante “Cidadania nos Estabelecimentos Penais”, realizado pela Gerência da Execução Penal e Acompanhamento de Penas Alternativas (Geepapa) da DPE-PB, que constatou a existência de 853 presos sem documentos na Paraíba.
Na solenidade coletiva e simbólica desta terça foram entregues os documentos de 26 presos da Penitenciária de Segurança Máxima Dr. Romeu Abrantes (PB1 e PB2) e da Penitenciária de Segurança Média Hitle Cantalice. Os primeiros documentos emitidos pelo projeto foram entregues em setembro do ano passado, na Penitenciária de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão.

Sem documentos, os detentos ficam impossibilitados de requerer benefícios; casar; receber auxílio reclusão; registrar seus filhos; acessar a rede de saúde para consultas, exames e internação; ingressar no mercado formal de trabalho; e matricular-se no sistema educacional oferecido aos presos. “Sem documento, é difícil garantir os direitos de cidadania da pessoa em privação de liberdade. Além da dificuldade ressocialização”, pontuou a coordenadora da Geepapa, Waldelita Cunha.
Ainda segundo Waldelita, a maior preocupação da Defensoria era com aqueles que não possuíam, sequer, a Certidão de Nascimento porque sem ela não é possível retirar nenhum outro documento. “Isso foi possível graças ao trabalho em parceria de vários órgãos, aos quais somos gratos, a exemplo da Anoreg-PB, que a pedido da DPE custeou os documentos, e do IPC, responsável pela confecção”, ressaltou.
O secretário de Administração Penitenciária do Estado (Seap), Coronel Sérgio Fonseca ressaltou a parceira da Defensoria Pública junto a Administração Penitenciária. “Quero parabenizar os reeducandos por esse momento, sobretudo nessa nova fase da administração penitenciária, que estamos procurando reestabelecer os princípios da ressocialização, trazer essas pessoas pro retorno à sociedade. Tenho certeza que essas pessoas que hoje estão recebendo a documentação estão dando um grande passo para se reintegrar a sociedade da melhor forma possível”, disse.
Representando outro órgão parceiro, o chefe do Núcleo de Identificação Civil e Criminal do Instituto de Polícia Científica (IPC-PB), Acídio Pereira Furtado, colocou o IPC mais uma vez à disposição para contribuir e dar continuidade ao projeto e falou da implantação do sistema biométrico nas unidades prisionais. “Tenho esse objetivo de até o final deste ano a gente conseguir colocar a biometria em 100% do Estado e isso vai facilitar a identificação (…) Da nossa parte, pode contar conosco para dar continuidade a esse trabalho. O IPC está à disposição”, disse.
O juiz da Vara de Execução Penal, Carlos Neves, também participou da entrega dos documentos. “Esse momento simbólico é importante por tratar de algo que incomoda o sistema penitenciário, que é a questão dos documentos para a legitimação dos reeducandos a partir da sua identidade. É um ato de cidadania. Parabenizo o esforço de todas as entidades parceiras que se dispuseram a contribuir para se chegar aonde se chegou”, ressaltou.
PRESENTES – Além dos órgãos citados, também é parceira do projeto a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano (Sedh). Também participaram da videoconferência a subdefensora pública-geral da Paraíba Maria Madalena Abrantes Silva; as assistentes juríricas da DPE, Elluênia Lucena e Cybelle Gadelha; o diretor da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Abrantes, Leonardo Novaes; o diretor da Penitenciária de Segurança Média Hitle Cantalice, Crystiano Lins dos Santos; e reeducandos das duas unidades.


