
Pedro Henrique Nascimento Carvalho, de 23 anos, viveu com os pais biológicos nos primeiros três anos de vida. Nesse período, ele foi diagnosticado com alguns problemas de saúde, o que fez Paulo e sua mulher, a enfermeira e pedagoga Tatiane Carvalho da Silva e Silva, se aproximarem ainda mais da família para ajudar com o suporte que a criança precisava. Tatiane é irmã do pai biológico de Pedro e se dispôs a cuidar do sobrinho, diante das dificuldades que os pais biológicos enfrentavam.

Quando receberam o diagnóstico de que Pedro tinha autismo, acompanhado de TDAH, perda encefálica e deficiência mental leve, Paulo e Tatiane foram orientados a obter a curatela de Pedro, o que levou o casal a procurar a Defensoria Pública, em João Pessoa. “Aqui, nós fomos muito bem acolhidos pela Ouvidoria e depois pelo Núcleo de Atendimento, que nos acompanhou e nos deu todas as informações, além de nos orientarem sobre o reconhecimento da paternidade e maternidade socioafetivas”, explicou o assistente social.
JUDICIALIZAÇÃO – Por meio da DPE-PB, Paulo e Tatiane ingressam com o pedido na Justiça. Embora o ato normativo 63 do CNJ regulamente a filiação de forma extrajudicial diretamente nos cartórios, o casal não atendia às regras estabelecidas para estes casos. Diante de tantos casos de “adoção à brasileira”, um novo provimento estabeleceu, entre outras medidas, que o reconhecimento é exclusivamente unilateral, ou seja, só é permitido um pai ou uma mãe registrar o filho. Como ambos desejavam reconhecer Pedro como filho, o caso foi levado à esfera judicial, onde pôde ser averiguado por equipes multidisciplinares do juízo.

O defensor público José Gerardo Rodrigues Júnior, coordenador do Núcleo Especial de Proteção à Criança e do Adolescente da DPE-PB, ressalta que a paternidade e a maternidade socioafetiva ocorrem quando há o reconhecimento do afeto entre a criança e o pai e/ou a mãe e, assim, se apresentam socialmente. “Ou seja, na escola, no parque, na igreja, na praça. Se eles já se comportam e se tratam como pai e filho, a nossa legislação dá a possibilidade da criança ter dois pais ou duas mães no Registro Civil, uma vez que os documentos têm que espelhar a realidade”, pontuou.

MEU PAI TEM NOME – No próximo sábado (17), a Defensoria Pública da Paraíba realiza o mutirão “Meu Pai Tem Nome” com o objetivo de facilitar o reconhecimento de paternidade de crianças e adolescentes. A ação vai acontecer nas cidades de João Pessoa, Campina Grande e Patos e, entre os serviços oferecidos, estará o reconhecimento socioafetivo de paternidade e maternidade.
A proposta é reunir, no mesmo dia, atendimentos que já fazem parte da atuação da instituição, mas de forma concentrada, com sessões de mediação e conciliação extrajudiciais, com encaminhamentos para realização de exames gratuitos de DNA em caso de dúvida quanto a paternidade, entre outras atividades extrajudiciais.
Para participar, as famílias devem comparecer no dia com RG, CPF e comprovante de endereço dos responsáveis, além da certidão de nascimento da criança. No caso dos exames de DNA, como o número de testes disponibilizados pelo Hemocentro é limitado, os interessados deverão realizar um pré-cadastro no site da DPE até o dia 15 de agosto e comparecer no dia 17 para fazer a coleta de sangue.
Por Larissa Claro
 
				 
								 
								 
								 
								 
								 
								